O papel ético e a responsabilidade social das profissões

setembro 12, 2016

Ao escolher uma profissão geralmente levamos em conta muitos fatores, como qual o campo de atuação, qual a remuneração média, quais as perspectivas de carreira, entre outros aspectos.  Mas será que em nossas reflexões aparecem as questões ligadas a qual é o papel ético e a responsabilidade social daquela profissão almejada?

Como Augusto Hortal Alonso comenta em seu livro ‘Ética das Profissões’, os profissionais não são apenas considerados pela especialidade que possuem, mas, também, por seu compromisso em prestar serviços de qualidade àqueles que o procuram.

Existem três níveis na responsabilidade do profissional, conforme Alonso comenta. O primeiro trata da aceitação ou recusa do papel profissional, o que implica em avaliar se o mesmo está alinhado aos seus valores. O segundo nível é seu compromisso com a excelência que se esperam do papel profissional. No terceiro está a responsabilidade em contribuir para o bem comum da sociedade, para melhorar as condições da vida humana individual e social.

Conforme esse autor cita em seu livro, “…o profissional, para ser um verdadeiro profissional, precisa assumir os compromissos que divide com seus colegas de profissão, os compromissos de procurar realizar, com competência e responsabilidade, as atividades e os serviços específicos atendendo aos padrões de excelência que em cada contexto são esperados de cada tipo de serviço profissional.” O profissional precisa, para a continuidade de sua atuação,  da confiança de quem procura o seu serviço, e por isso trabalhar com ética e responsabilidade social é fundamental.

É importante, tanto para o jovem que está escolhendo sua formação, quanto para as pessoas que querem mudar de profissão, considerar qual é o papel ético e a responsabilidade social da profissão escolhida. Se, por exemplo, alguém escolhe ser médico apenas porque é uma área de atuação que oferece certo status ou porque seu pai já tem um consultório montado, o que facilita sua vida, mas realmente não sente afinidade com essa carreira, o que poderá acontecer no exercício de sua profissão? Será que ele vai se dedicar ao estudo continuo de sua área? Será que exercerá com excelência sua profissão e, por consequência, criará uma relação de confiança com as pessoas que o procuram? Será que estará contribuindo com o individuo e com a sociedade na realização de seu papel profissional? Essas reflexões servem para qualquer profissão que escolhemos, seja como manicure, motorista, engenheiro, advogado, entre outras.

Gosto muito da definição que o filosofo Mario Sergio Cortella traz sobre ética: “Ética é o conjunto de valores e princípios que usamos para responder a três grandes questões da vida: quero?; devo?; posso? Nem tudo que eu quero eu posso; nem tudo que eu posso eu devo; e nem tudo que eu devo eu quero. Você tem paz de espírito quando aquilo que você quer é ao mesmo tempo o que você pode e o que você deve.”

Tomando a definição acima, a pessoa precisa pensar se o que ela quer realmente como profissão é o que ela pode e deve fazer para contribuir com as pessoas e com a sociedade. Como no exemplo citado acima, a pessoa pode refletir: “quero ser médico porque já existe um consultório montado pelo meu pai e fica cômodo para mim. Mas eu posso e devo, já que não tenho afinidade com essa escolha?”.

Depois que a pessoa escolhe sua profissão, ela terá que manter-se atualizada, renovar conhecimentos que são introduzidos para alcançar os objetivos que sua profissão se propõe. Assim, ao pensar na escolha profissional é preciso levar em conta que sua atuação terá impacto na vida das pessoas, e em consequência, na sociedade.

Claro que muitos de nós não tivemos ou temos a possibilidade da escolha da profissão, muitas são fruto do acaso ou da necessidade financeira do momento, mas, mesmo assim, podemos vivê-la como projeto próprio. O trabalho que realizamos pode responder em maior ou menor grau as nossas inclinações e capacidades, mas o trabalho pode ser um lugar onde se pode viver um sentido. É quando se otimiza o que a atividade que exercemos tem de contribuição à vida das pessoas e da sociedade.

Para aquelas pessoas que tem a possibilidade de escolher a profissão, o que pode ajudá-las, nesse momento, é conhecer qual é o papel de determinada profissão no contexto social e mergulhar em um processo de autoconhecimento, em que possa avaliar se os valores de determinada atuação estão alinhados aos seus, o que pode garantir maior dedicação à renovação dos conhecimentos ao longo da carreira e, desta forma, cumprir com ética e responsabilidade o seu papel profissional para contribuir com a sociedade.

Bibliografia:

Augusto Hortal Alonso; 2002. Ética das Profissões. São Paulo. 2002. Edições Loyola.

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