Vocação: o que torna cada indivíduo autor da sua própria biografia

junho 11, 2020

Todo mundo sonha dormindo, mesmo que não se recorde. Acordados, sonhamos também em nos tornar alguém. Quando adultos, somos esse alguém tão desejado e sonhado? Os bem afortunados irão afirmar, satisfeitos, que realizaram seu sonho. Os não tão bem sucedidos dirão: “puxa, quase nada do que imaginava consegui fazer!”

O trabalho tradicional ocupa mais de um terço de nosso tempo. Se levarmos em conta o tempo que dedicamos nos informando e pesquisando pela Internet, e o tempo investido para o auto-aprimoramento e desenvolvimento, com certeza, mais da metade da nossa existência estará focada no nosso trabalho. Assim, a escolha de nossa profissão deve ser bem realizada e estar alinhada com o que sentimos em nosso interior.

Vocação, do latim vocatione, é o ato de chamar. É escolha, talento, aptidão. É um “chamado interno”, um chamamento para aquilo que temos de único e especial. Podemos até optar por uma profissão conhecida, onde há muitos atuando, mas a maneira como a realizaremos sempre será única, como a nossa essência.

Neste mundo veloz, de conexão na rede virtual, de frenesi de informações efêmeras e desencontradas, o chamado interno de cada um corre o risco de ficar mais distante, abafado. As nossas angústias, reflexões e diálogos internos sobre a nossa vocação devem ser ouvidos, elaborados e formulados porque neles está a resposta para nossa busca pessoal.

A jornada da vocação começa em ouvir este chamado interior. Este chamamento aponta para as carreiras em que sentiremos, antes de tudo, felicidade e satisfação. Mas não termina aí. Neste mundo global e dinâmico, as competências pessoais serão determinantes. Além delas, o profissional do futuro dependerá de sua capacidade de aprender sozinho, de imaginar amplitudes de uso do seu conhecimento, da capacidade de criar novas condições e soluções, e de habilidade para rapidamente integrar-se na rede de relações e conseguir oportunidades para si e para seus desejos de realização.

Vida e morte se alternam. O planeta respira com dificuldade e o possível sucesso profissional nos incendeia, confundindo nossos valores e questões sobre o que nos fará felizes. A tecnologia reina e os princípios econômicos ditam nossos valores: competição, capacidade de estar à frente do outro, valor agregado (ao acionista), custos e benefícios, e ainda como eu, jovem de hoje, poderei participar disso tudo. Os valores atuais nos olham como meios de produção, meios de agregar valor aos lucros, aos resultados.
E por falar em valor, seremos totalmente responsáveis pelo nosso valor. Esta será uma jornada cada vez mais solitária, como a jornada mitológica do herói. Você estará conectado, embora do outro lado talvez ninguém lhe veja como pessoa.

Talvez como um bit na rede, um site curioso, ou mais uma quantidade de informação e conhecimento que possa ou não interessar.

E, de fato, se sua bagagem não for rapidamente importante e visível como fonte potencial de lucro e negócio, você será descartado. Por quem? Por uma outra massa de informações. Neste mundo de paradoxos, verificamos que neste século, o indivíduo faz diferença. Observe o empenho das empresas em reter os verdadeiros profissionais de talento.

Ciclos da vida

A nossa vida é feita de períodos. Há basicamente o período da busca pelo sucesso, vivido até os 35 anos, e o período intermediário, quando buscamos ser mais coerente com o nosso ‘chamado interno’. É um período de crise importante, em geral entre os 35 e 50 anos. Muitas pessoas se vêem frustradas ao olhar para o passado e se perguntam: “sou o adulto que eu imaginava ser quando adolescente?” Mais à frente, a vida nos cobrará a tranqüilidade da sabedoria e da paz para ajudar as novas gerações com a experiência vivida.

Cada juventude trará em sua vida adulta novos valores. Sou de uma juventude dos anos 60. Vivi liberdades até então nunca sonhadas por meus pais. Hoje meu olhar talvez seja bem distinto do olhar deles. Mas a juventude atual será responsável por criar novos horizontes. O meu olhar para o mundo talvez seja pouco relevante para o futuro, daqui a 30 anos. Exceto a aprendizagem única de poder dar uma resposta ao meu próprio chamado interior, uma resposta positiva que afirma que segui uma jornada que me trouxe satisfação e felicidade.
Vocação é seguir nosso chamado interior. Considere isto. Considere seu diálogo interior e ligue-se ao seu chamado. Esse alinhamento será a força motriz para conquistar o que deseja. O futuro está para ser construído na jornada de cada um.

Escreva a sua biografia!

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